você e eu:
pleonasmo.
H. L. C.
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Instrumento de corda
O que deu-me a vida,
nestes anos insanos?
A calda de um piano,
mas, sem o rosto materno de Brigitte Engerer.
H. L. C.
Da série "meus poemas quase póstumos"
nestes anos insanos?
A calda de um piano,
mas, sem o rosto materno de Brigitte Engerer.
H. L. C.
Da série "meus poemas quase póstumos"
Ao ouvido
Ah! As linhas da vida...
Já se vão carcomidas.
E eu, calado,
Errei todos os caminhos pintados.
H. L. C.
Da série "meus poemas quase póstumos"
Já se vão carcomidas.
E eu, calado,
Errei todos os caminhos pintados.
H. L. C.
Da série "meus poemas quase póstumos"
Amada Lusitânia
Gostava de a Portugal voltar, quando eu morrer
Olhar e respirar o D'Ouro, ainda uma vez
Os montes, trepado nas vinhas subir e descer
E dos pastos, com o meu rafeiro alentejano buscar uma res
Gostava de na noitinha sentir do pão o cheiro
O jantar e os beijos da velha mãe, sob o candeeiro
Da casa grande, mirar as luzes do Porto adoraria
Alegres cálices de vinho, ali era eu mesmo, sem afasia
Aos anos de Coimbra, gostava de voltar
A cidade dos livreiros, nos meus tempos de mancebo
Onde afogava-me nos enleios das raparigas cruas
Lá onde andava a filosofar com as pedras lisas das ruas
Onde amanhecia em bêbedo pelas escadas nuas
A beleza de tal tempo, tanto a percebo
Gostava de a Portugal voltar, quando eu morrer
De lá ter minha gente ao pé de mim
Correr fagueiro com o meu rafeiro pelo jardim
Gostava de a Portugal voltar, quando acordar
H. L. C.
Da série "meus poemas quase póstumos"
Olhar e respirar o D'Ouro, ainda uma vez
Os montes, trepado nas vinhas subir e descer
E dos pastos, com o meu rafeiro alentejano buscar uma res
Gostava de na noitinha sentir do pão o cheiro
O jantar e os beijos da velha mãe, sob o candeeiro
Da casa grande, mirar as luzes do Porto adoraria
Alegres cálices de vinho, ali era eu mesmo, sem afasia
Aos anos de Coimbra, gostava de voltar
A cidade dos livreiros, nos meus tempos de mancebo
Onde afogava-me nos enleios das raparigas cruas
Lá onde andava a filosofar com as pedras lisas das ruas
Onde amanhecia em bêbedo pelas escadas nuas
A beleza de tal tempo, tanto a percebo
Gostava de a Portugal voltar, quando eu morrer
De lá ter minha gente ao pé de mim
Correr fagueiro com o meu rafeiro pelo jardim
Gostava de a Portugal voltar, quando acordar
H. L. C.
Da série "meus poemas quase póstumos"
terça-feira, 26 de maio de 2015
De repente 2
O teu quadril
Levei-o a tatuar
As paredes do meu quarto
E sem espanto
Por todos os cantos
Penetraram em ti
As minhas certezas
H. L. C.
Levei-o a tatuar
As paredes do meu quarto
E sem espanto
Por todos os cantos
Penetraram em ti
As minhas certezas
H. L. C.
De repente
De dentro do justinho terninho,
de fininho,
ela parecia querer mostrar-se.
Cercara-me.
Cercava-me.
E, de passinho em passinho,
a fada Sininho,
comeu-me!
H. L. C.
de fininho,
ela parecia querer mostrar-se.
Cercara-me.
Cercava-me.
E, de passinho em passinho,
a fada Sininho,
comeu-me!
H. L. C.
segunda-feira, 25 de maio de 2015
Poema com ajudinha
Veio o poema
Mas cortou-se ao meio
O poema veio
Mas no meio do poema
Veio a Paloma
Fez-se poema
Cortou-me ao meio
E fez-se o poema
Com palmas e tudo
H. L. C.
De quando se lava manjericão
Todos os relógios do mundo,
nauseabundos,
lançam-me no fundo
de uma espera.
Ainda hoje sonhei contigo.
Naquele inusitado abrigo,
os dois sentados na janela,
esquecidos do mundo,
vagabundos,
comíamos figo
e pintávamos aquarelas.
Hoje, te digo:
Todos os relógios do mundo,
verdugos,
prenderam a Cinderela.
H. L. C
nauseabundos,
lançam-me no fundo
de uma espera.
Ainda hoje sonhei contigo.
Naquele inusitado abrigo,
os dois sentados na janela,
esquecidos do mundo,
vagabundos,
comíamos figo
e pintávamos aquarelas.
Hoje, te digo:
Todos os relógios do mundo,
verdugos,
prenderam a Cinderela.
H. L. C
domingo, 24 de maio de 2015
Quem
Essa mulher
De vestido longo até os pés
Toda ela uma canção
Assombra-me qual o vento
Do inverno russo que rasga um trem de uma estação
Essa mulher
Absurda para além do que és
Desperta-me anseios brutos
pensamentos bentos
Todos muito livres
Flutuando qual o melhor Flaubert
Essa mulher
De bula estranhada
Chama com afã
O dedilhar perpétuo de um Chopin
na carne amada
H. L. C.
De vestido longo até os pés
Toda ela uma canção
Assombra-me qual o vento
Do inverno russo que rasga um trem de uma estação
Essa mulher
Absurda para além do que és
Desperta-me anseios brutos
pensamentos bentos
Todos muito livres
Flutuando qual o melhor Flaubert
Essa mulher
De bula estranhada
Chama com afã
O dedilhar perpétuo de um Chopin
na carne amada
H. L. C.
sábado, 23 de maio de 2015
um queijo um chá
Um chá
Achamos
Canela
Ela
A me falar
Tagarela
A ensaiar
Um jeito
Um queijo
Marquinha no queixo
Será hoje
No velho bonde
Onde
As quinze
Mas finge
Confusa
Charme
Tarde
E conserta
Os cabelos
E acerta
E resmunga
De botas
Que eu anote
Que eu tenho sorte
Lá estará
Se não chover
H. L. C.
Achamos
Canela
Ela
A me falar
Tagarela
A ensaiar
Um jeito
Um queijo
Marquinha no queixo
Será hoje
No velho bonde
Onde
As quinze
Mas finge
Confusa
Charme
Tarde
E conserta
Os cabelos
E acerta
E resmunga
De botas
Que eu anote
Que eu tenho sorte
Lá estará
Se não chover
H. L. C.
Encuentro al plenilunio
O vento
Abraçando a folha
Contento
Em silêncio
Sem ter o que dizer
H. L. C.
da série 'meus poemas quase-póstumos'
Abraçando a folha
Contento
Em silêncio
Sem ter o que dizer
H. L. C.
da série 'meus poemas quase-póstumos'
sexta-feira, 22 de maio de 2015
Uísque e coisas mexicanas
A memória
Qual uma máquina fotográfica histérica
Clicando e armazenando
A vida na intimidade de teus quadris
H. L. C.
Qual uma máquina fotográfica histérica
Clicando e armazenando
A vida na intimidade de teus quadris
H. L. C.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Queda livre
Me queres frugal,
Serei fugaz.
E numa palavra:
Nem mais uma palavra.
Mão na mão, que tal agora a pracinha?
Vamos alimentar as andorinhas
que vem do norte,
Fagueiras.
E no banco verde madeira,
Vou deitar minha cabeça ao teu colo,
E repetir minha doce sorte:
Olhos nos olhos
A pensar em ti,
A pensar no amor,
Essa tola morte.
H.L.C.
Serei fugaz.
E numa palavra:
Nem mais uma palavra.
Mão na mão, que tal agora a pracinha?
Vamos alimentar as andorinhas
que vem do norte,
Fagueiras.
E no banco verde madeira,
Vou deitar minha cabeça ao teu colo,
E repetir minha doce sorte:
Olhos nos olhos
A pensar em ti,
A pensar no amor,
Essa tola morte.
H.L.C.
terça-feira, 19 de maio de 2015
Tic-Tac 2
A velha estradinha de ferro
Parece divertir-se
Em levar-me a esmo
Por essas bestas planícies
No meio da manhã chuvosa
Mas já do outro lado
Na beira montanhosa
Em polvorosa
Espera-me Alice
Nas mãos com mil cestas
De beijos
De dengos
E de santas tolices
H. L. C.
da série 'carbono 14'
Parece divertir-se
Em levar-me a esmo
Por essas bestas planícies
No meio da manhã chuvosa
Mas já do outro lado
Na beira montanhosa
Em polvorosa
Espera-me Alice
Nas mãos com mil cestas
De beijos
De dengos
E de santas tolices
H. L. C.
da série 'carbono 14'
Quinta sinfonia de cigarras
Em pequeno
Tinha verdadeiro pavor de adormecer
Tinha medo
De durante o sono
Morrer
Ah quão bobo era eu em pequeno
Tudo que queria era jogar bola e ser Shakespeare
Não via das pessoas o veneno
Em pequeno
Havia em mim um Ser
E dele ouvia estórias pias
Em noites frias
Como esta
Bem por isso
Naqueles tempos
O desejo de viver
existia
H. L. C.
da série 'meus poemas quase-póstumos'
Tinha verdadeiro pavor de adormecer
Tinha medo
De durante o sono
Morrer
Ah quão bobo era eu em pequeno
Tudo que queria era jogar bola e ser Shakespeare
Não via das pessoas o veneno
Em pequeno
Havia em mim um Ser
E dele ouvia estórias pias
Em noites frias
Como esta
Bem por isso
Naqueles tempos
O desejo de viver
existia
H. L. C.
da série 'meus poemas quase-póstumos'
segunda-feira, 18 de maio de 2015
O poeta par lui meme
Vou escrever uma canção
Sobre um amor de perdição.
Da tristeza de um Camilo.
E de uma Ana Plácido, a paixão,
Cujas beleza e coragem vigorosas,
Fizeram jorrar tintas eternas
Das veias do poeta pobretão.
Eis que de tão plácida a Ana
Dobrou o Camilo em amores,
Que já não mais ia de galho-a-galho.
Mas os dois já tem um preço a pagar:
Amores rimam com dores.
E o poeta que das alcovas
Rouba as senhoras dos senhores
Escandaliza o pequeno país,
Passando ao ostracismo,
A pior das masmorras.
Mas afinal, quem cegou o poeta?
O amor?
A literatura?
Cego, não bastou a amada Ana Plácido.
Cego, nem mesmo a literatura. Não havia mais literatura.
O poeta matou-se, par lui meme.
H. L. C
da série 'meus poemas quase-póstumos'
Sobre um amor de perdição.
Da tristeza de um Camilo.
E de uma Ana Plácido, a paixão,
Cujas beleza e coragem vigorosas,
Fizeram jorrar tintas eternas
Das veias do poeta pobretão.
Eis que de tão plácida a Ana
Dobrou o Camilo em amores,
Que já não mais ia de galho-a-galho.
Mas os dois já tem um preço a pagar:
Amores rimam com dores.
E o poeta que das alcovas
Rouba as senhoras dos senhores
Escandaliza o pequeno país,
Passando ao ostracismo,
A pior das masmorras.
Mas afinal, quem cegou o poeta?
O amor?
A literatura?
Cego, não bastou a amada Ana Plácido.
Cego, nem mesmo a literatura. Não havia mais literatura.
O poeta matou-se, par lui meme.
H. L. C
da série 'meus poemas quase-póstumos'
Azeitonas e plic-ploc
De lábios tão rosas
E de jabuticabas tão vivas
Com as quais me olhava
Tinha uma voz magrela-boba-e-ousada
Eu estava ali tão perdido em mim
Mergulhado num uísque doze anos falsificado
Mas não parecia ter cara de coitado
Eu estava rufando rufando
Ela devia estar sapateando
sim acho que ela sapateava
E aquilo era bom
Mas eu estava perdido em mim
E ela sapateava rápido
Parecia que brotavam framboesas
Dos lábios dela eu pensei
Eu não sabia a cor dos seus cabelos
Eu já sabia o seu nome naquele momento
Mas não a cor dos seus cabelos
O que teria ela feito com os cabelos
Eu fingia que tinha passado a me importar
Mas
Eu estava perdido em mim
Bom fiz um esforço homérico
Tentar parecer interessado na cor dos seus cabelos
Devia estar vestida de preto
Certamente estava ela de preto
Afinal pessoas sapateiam de preto
Ora bolas
Seria ridículo alguém não sapatear de preto
Pensei
Mas olhando mais de perto
Quando eu a olhei mais de perto
Quando senti seu hálito
De vinho de maçã pela primeira vez
Notei que trazia algo florido nas roupas
O que achei muito estranho de cara
Alguém sapatear com vestes floridas
Eu tinha um uísque doze anos de origem duvidosa sobre a mesa
E uma mulher que sapateava rápido com olhos de jabuticaba
E lábios de framboesas
Olhando-me com bastante interesse
O nome dela eu já sabia
Ela já me conhecia
Eu estive perdido em mim
Tivemos algo impronunciavel
H. L. C.
E de jabuticabas tão vivas
Com as quais me olhava
Tinha uma voz magrela-boba-e-ousada
Eu estava ali tão perdido em mim
Mergulhado num uísque doze anos falsificado
Mas não parecia ter cara de coitado
Eu estava rufando rufando
Ela devia estar sapateando
sim acho que ela sapateava
E aquilo era bom
Mas eu estava perdido em mim
E ela sapateava rápido
Parecia que brotavam framboesas
Dos lábios dela eu pensei
Eu não sabia a cor dos seus cabelos
Eu já sabia o seu nome naquele momento
Mas não a cor dos seus cabelos
O que teria ela feito com os cabelos
Eu fingia que tinha passado a me importar
Mas
Eu estava perdido em mim
Bom fiz um esforço homérico
Tentar parecer interessado na cor dos seus cabelos
Devia estar vestida de preto
Certamente estava ela de preto
Afinal pessoas sapateiam de preto
Ora bolas
Seria ridículo alguém não sapatear de preto
Pensei
Mas olhando mais de perto
Quando eu a olhei mais de perto
Quando senti seu hálito
De vinho de maçã pela primeira vez
Notei que trazia algo florido nas roupas
O que achei muito estranho de cara
Alguém sapatear com vestes floridas
Eu tinha um uísque doze anos de origem duvidosa sobre a mesa
E uma mulher que sapateava rápido com olhos de jabuticaba
E lábios de framboesas
Olhando-me com bastante interesse
O nome dela eu já sabia
Ela já me conhecia
Eu estive perdido em mim
Tivemos algo impronunciavel
H. L. C.
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