segunda-feira, 9 de março de 2020

carta p/ Olívia

O Turquemenistão é um belo país.
Lá, eles tem tudo o que me interessa.
Lá, a vida caminha sem pressa.
No Turquemenistão, todas as manhãs
são madrugo-manhãzinhas agradáveis,
improváveis manhãs-irmãs
das manhãs
do Manuel Bandeira de carne-e-osso,
cedinho a acordar
e a sair comprar leite na quitanda,
a preparar o café
com pão-torrado e livros,
na varanda.
O Turquemenistão fica n'algum lugar
do lado de lá da esquina do mundo.
Quem lá nasce é muito boa gente.
Suas praças são fluviais e
todo o povo tem automóvel branco,
mas prefere andar de canoa.
Suas garotas são magras e inteligentes;
tudo lá é quase perfeito.
Muito mais, até,
do que este poema sem jeito.

H. L. C.

da série 'cartas p/ Olívia'

sexta-feira, 6 de março de 2020

quinta-feira, 5 de março de 2020

"dicionariando"

hábito:
patologia,
às vezes,
denominada
amor.

H. L. C.

da série 'avant la lettre'

tout est vanités

com seu olhar de boba,
cedo na vida
Gigi perdeu-se:
"ela era ela mas não era ela,
tinha uma face
mas não tinha uma face?",
indagava ao espelho.

H. L. C.

da série 'dura poesia'

terça-feira, 3 de março de 2020

mi caminito

verde caminito
por onde no início das manhãs
trilhava meus sonhos
e te avistava logo à porta
com teu sorriso de fada sininho
a me trazer um café-figo
um afago-fico
um quase-amor

H. L. C.

da série 'carbono 14'

segunda-feira, 2 de março de 2020