sexta-feira, 3 de junho de 2016

pois morreste!

morreste!
que triste...
fizeram de tua bonita casa
um lugar para casamentos.
que lamento!
tudo podias perdoar,
mas não essa traição.
da mansão de outrora,
só restou o retrato do sentimento,
daqueloutro tempo.
hoje, por mais que lá desfilem
fraques e vestidos de gala
dessa  sociedade,
vaidade!
são todos esses corações alugados!
gente?, nunca mais houve no teu palacete.
verdade?, quem já lá a perdeu?
da tua casa, o brilho foi roubado.
as janelas usurpadas.
tornaram os corredores tão frios.
as escadas nuas e escorregadias.
e das árvores, as folhas são secas, tão secas...
não há mais cheiro de terra no jardim,
a grama sintética.
os vizinhos são patéticos,
debiloides,
rejeitos de espermatozoides.
bem diferentes da camaradagem de antes.
na tua casa,
que não é mais a tua casa,
não há mais abraços,
afagos,
café da manhã com suco de tamarindos frescos
e churros... não,
na tua casa não há mais
os "teus" felizes que dormem e acordam
e que, por vezes, no domingo à tarde,
caminhavam até o cinema do bairro.
a tua casa hoje é habitada
em meros pedaços do dia e da noite
por uma gente
pançuda e
suada,
vulgarizada.
a tua casa que antes tocava boa música,
e era eloquente,
hoje é estridente,
o piso que um dia foi de madeira,
é de línguas de serpentes.
a tua casa que era de arquitetura tão bonita,
e que tinha saída para infinitas ruas,
agora está cheia de gruas,
microfones,
bandeiras,
luzes que não são luzes.
a casa que um dia foi tua
hoje é carapuça
que serve a idiotas...
pois morreste!

H. L. C.


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