morreste!
que triste...
fizeram de tua bonita casa
um lugar para casamentos.
que lamento!
tudo podias perdoar,
mas não essa traição.
da mansão de outrora,
só restou o retrato do sentimento,
daqueloutro tempo.
hoje, por mais que lá desfilem
fraques e vestidos de gala
dessa sociedade,
vaidade!
são todos esses corações alugados!
gente?, nunca mais houve no teu palacete.
verdade?, quem já lá a perdeu?
da tua casa, o brilho foi roubado.
as janelas usurpadas.
tornaram os corredores tão frios.
as escadas nuas e escorregadias.
e das árvores, as folhas são secas, tão secas...
não há mais cheiro de terra no jardim,
a grama sintética.
os vizinhos são patéticos,
debiloides,
rejeitos de espermatozoides.
bem diferentes da camaradagem de antes.
na tua casa,
que não é mais a tua casa,
não há mais abraços,
afagos,
café da manhã com suco de tamarindos frescos
e churros... não,
na tua casa não há mais
os "teus" felizes que dormem e acordam
e que, por vezes, no domingo à tarde,
caminhavam até o cinema do bairro.
a tua casa hoje é habitada
em meros pedaços do dia e da noite
por uma gente
pançuda e
suada,
vulgarizada.
a tua casa que antes tocava boa música,
e era eloquente,
hoje é estridente,
o piso que um dia foi de madeira,
é de línguas de serpentes.
a tua casa que era de arquitetura tão bonita,
e que tinha saída para infinitas ruas,
agora está cheia de gruas,
microfones,
bandeiras,
luzes que não são luzes.
a casa que um dia foi tua
hoje é carapuça
que serve a idiotas...
pois morreste!
H. L. C.
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