quinta-feira, 17 de novembro de 2016

bilhete ou Déjà vu ao contrário

ainda não acabou
sinto que ainda não acabou
da minha sala de aula
vejo a tua sala-de-estar
cheia do cheiro dos meus vinte anos
e do teu jeito de aconchegar
lá se vai o tempo
o tempo
o tempo
o tempo
a nos enganar
onde está beltrana?
lembranças a fulano...
mande um beijo meu a sicrana...
precisamos marcar...
e assim se vai
um livro folheado
uma lembrança pingada
das esquinas andadas
do bar já fechado
lá se foi o tempo
ora volta o tempo
o tempo brejeiro rafeiro
de sicrano
da fulana
dos beltranos
olha a sopa quente
a empadinha
olha a mãozinha dela
mão boba do fulano
olha os lábios dela
no sereno
ela tem um disco
beija bem
é um veneno
e tão quietinha
de pés pequenos
beltrano entrou numa enrascada
sicrana danada
correu pelada
no chão deixou pegadas
um casal de beltranos
contou piadas
pro tempo
lá se vai o tempo
as gargalhadas
de madrugada
a rede de fulana
cheia de veneno
na sacada
olha fulano
diga a beltrana
que há um bilhete
há duas entradas
pra aquela banda
assim chamada
flash back

da série 'últimas poesias'




Nenhum comentário:

Postar um comentário