no natal
dividiremos uma meia
um par de meias
meu bem
que tal
um par de meias
coloridas de bolinhas
coloridas
no natal
compraremos um pote de sorvete
e uma garrafa de rum
meu bem
que tal
macarrão com atum
meu bem
que tal
no natal
desenharemos um cartão de natal
com papai noel
de barbas verdes
meu bem
que tal
aquela velha canção
aquele velho filme
meu bem
que tal
no natal
H. L. C.
quinta-feira, 26 de março de 2015
mulher em notas de rodapé
conheci uma cantora
de cabelos negros
alta e pálida
que toca violoncelo
tão boa de prosa
mostrou-me a sua vida
e já sem despedida
riu-se para mim
contou-me de camarins
confessou-me a cantora
também ser poetisa
que em horas vagas
andou pela Itália
jogando-se da torre de pizza
em versos descalços
disse-me a cantora ter nove vidas
algumas mais fúteis
outras nem tanto sabidas
a cantora tem seus discos
caminha por aí
e vai sempre ao mesmo café
compra ração para o seu gato
irrita-se com a síndica
e dá-lhe uns sopapos
toma sempre chá preto
veste seu xale preto
e já amanhecendo
com seus cabelos negros
pálida
com seus seios gentis
na janela
sob seus cigarros
ensaia
faz sexo com seu violoncelo
a cantora
H. L. C.
de cabelos negros
alta e pálida
que toca violoncelo
tão boa de prosa
mostrou-me a sua vida
e já sem despedida
riu-se para mim
contou-me de camarins
confessou-me a cantora
também ser poetisa
que em horas vagas
andou pela Itália
jogando-se da torre de pizza
em versos descalços
disse-me a cantora ter nove vidas
algumas mais fúteis
outras nem tanto sabidas
a cantora tem seus discos
caminha por aí
e vai sempre ao mesmo café
compra ração para o seu gato
irrita-se com a síndica
e dá-lhe uns sopapos
toma sempre chá preto
veste seu xale preto
e já amanhecendo
com seus cabelos negros
pálida
com seus seios gentis
na janela
sob seus cigarros
ensaia
faz sexo com seu violoncelo
a cantora
H. L. C.
terça-feira, 24 de março de 2015
Canção de alpendre (para ser imaginada na voz de Nana Caymmi)
mão na mão
nasce uma
canção
sob um velho
alpendre
e de alpendre
em alpendre
ressurge uma
paixão
cor de vida
colorida
fim de tarde
cheiro de
fazenda
dois olhos
fazendo amor
um coração
buscando um coração
a relva já um edredom
quando o antes
surge novo
um novo bom
da flor que
beija o seu beija-flor
calma e aflita
por abraçar
e não mais
soltar
o tempo que
voltou
embalado numa
canção de alpendre
e um amor ao
pé de si
quase já vinho
jorrando pelas estrelas
são dois numa
rima entrelaçada
um amor ao pé
de si
quando eles já
não forem mais eles
ainda assim
nas estrelas
haverá essa canção sob um velho alpendre
H. L. C.
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