conheci uma cantora
de cabelos negros
alta e pálida
que toca violoncelo
tão boa de prosa
mostrou-me a sua vida
e já sem despedida
riu-se para mim
contou-me de camarins
confessou-me a cantora
também ser poetisa
que em horas vagas
andou pela Itália
jogando-se da torre de pizza
em versos descalços
disse-me a cantora ter nove vidas
algumas mais fúteis
outras nem tanto sabidas
a cantora tem seus discos
caminha por aí
e vai sempre ao mesmo café
compra ração para o seu gato
irrita-se com a síndica
e dá-lhe uns sopapos
toma sempre chá preto
veste seu xale preto
e já amanhecendo
com seus cabelos negros
pálida
com seus seios gentis
na janela
sob seus cigarros
ensaia
faz sexo com seu violoncelo
a cantora
H. L. C.
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