segunda-feira, 23 de maio de 2016

Voilà ce que tu m’as demandé!



segurando o pacotinho dos livros novos,
senta-se no Le Moulin de La Galette,
profunda e com o olhar perdido -
imaginando a intensidade dos olhinhos verdes 
de uma madmosselie,
a divertir-se pelo salão de bailes 
do século XIX, 
com suas camaradas. 
e já depois,
de mãos dadas 
à sua nova amiga de infância imaginária,
já estão a correr em disparada 
e gargalhadas 
pela Rue Lepic,
entrando no Café des Deux Moulins,
e rapidamente pedindo doces, queijos
já espinafra 
a impossível comparsa, 
que, de figurante, passa 
em teimosia a desenhar no guardanapo
uma exposição infindável 
de frutas, verduras, 
flores, flocos, 
frango assado,
dentre outras cousas...
lembra-se de mim, por fim,
e com suas mãozinhas delicadas,
com unhas pintadas 
de rosa-claro,
e com a boca,
a boca tão bonita
de lábios anjo-diabo,
já quase toda ocupada
por um pão doce,
manda-me um “voilà!”,
desses tipo um
"je ne sais pas, monsieur!"


H. L. C.

da série 'seus suaves relatos de maio'

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