quinta-feira, 4 de agosto de 2016

res desperdicta

o tempo
o som
o tempo e o som
do som
que deforma o tempo
a fazer tantos outros tempos
tempos sóis
tempos sãos
tempos seus
meus
o som do tempo
de quantas vidas vividas
já perdidas
e renascidas
com os tempos deformados
pelo vento
do som
sempre a beijar o tempo
quantos tempos
quantas mãos
devem haver no tempo
ou tempos
deformados
afagados
pela vida do som
lá estou
vários de mim
tão distintos
maravilhosos e maravilhados
vestidos de tantas vidas
quantas cabem
na infinitude dos tempos
muitos e muitos de mim
paridos pelos tempos deformados
quase perfeitos e acabados
o tempo
todo e qualquer tempo
deformado pelo som
não há espaço
não há tempo
há a vida
o som da vida
em tantos de mim
dos quais não sei nem milésimo de palavra

H. L. C.

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