Ao longo de boa parte da primavera trancaram-se num apartamento com o objetivo de fazer literatura. Pamela tinha 18 anos, dois olhos verdes, 1,78 metros e uma risada que quando vinha sacudia o ambiente. Livre, leve e doida. Seu sono era habitado por pesadelos compulsivos, sempre em vermelho e amarelo. Em seus sonhos uma imagem a perseguia: ele sempre aparecia em pé, no centro de um palco, vestido de couro marrom, com botas pontudas, cabeludo, e muito diferente de agora.
Com 27 anos, ele estava alcoólatra, obeso, cardíaco. Atormentado. Passava os dias dentro de uma banheira, com cigarros, heroína, uísque, e suas anotações estéreis. Pouco saía. E quando acontecia, preferia sempre a madrugada. Esperava pacientemente que a companheira se drogasse a ponto de ficar desacordada. Preferia caminhar sozinho. E então, ganhava as ruas. Sempre o mesmo destino: o banheiro da discoteca Rock’n Roll Circus.
Hedre Lavnzk Couto
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