segunda-feira, 18 de maio de 2015

Azeitonas e plic-ploc

De lábios tão rosas
E de jabuticabas tão vivas
Com as quais me olhava
Tinha uma voz magrela-boba-e-ousada
Eu estava ali tão perdido em mim
Mergulhado num uísque doze anos falsificado
Mas não parecia ter cara de coitado
Eu estava rufando rufando
Ela devia estar sapateando
sim acho que ela sapateava
E aquilo era bom
Mas eu estava perdido em mim
E ela sapateava rápido
Parecia que brotavam framboesas
Dos lábios dela eu pensei
Eu não sabia a cor dos seus cabelos
Eu já sabia o seu nome naquele momento
Mas não a cor dos seus cabelos
O que teria ela feito com os cabelos
Eu fingia que tinha passado a me importar
Mas
Eu estava perdido em mim
Bom fiz um esforço homérico
Tentar parecer interessado na cor dos seus cabelos
Devia estar vestida de preto
Certamente estava ela de preto
Afinal pessoas sapateiam de preto
Ora bolas
Seria ridículo alguém não sapatear de preto
Pensei
Mas olhando mais de perto
Quando eu a olhei mais de perto
Quando senti seu hálito
De vinho de maçã pela primeira vez
Notei que trazia algo florido nas roupas
O que achei muito estranho de cara
Alguém sapatear com vestes floridas
Eu tinha um uísque doze anos de origem duvidosa sobre a mesa
E uma mulher que sapateava rápido com olhos de jabuticaba
E lábios de framboesas
Olhando-me com bastante interesse
O nome dela eu já sabia
Ela já me conhecia
Eu estive perdido em mim
Tivemos algo impronunciavel

H. L. C.

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