quarta-feira, 27 de maio de 2015

Amada Lusitânia

Gostava de a Portugal voltar, quando eu morrer
Olhar e respirar o D'Ouro, ainda uma vez
Os montes, trepado nas vinhas subir e descer
E dos pastos, com o meu rafeiro alentejano buscar uma res

Gostava de na noitinha sentir do pão o cheiro
O jantar e os beijos da velha mãe, sob o candeeiro
Da casa grande, mirar as luzes do Porto adoraria
Alegres cálices de vinho, ali era eu mesmo, sem afasia

Aos anos de Coimbra, gostava de voltar
A cidade dos livreiros, nos meus tempos de mancebo
Onde afogava-me nos enleios das raparigas cruas
Lá onde andava a filosofar com as pedras lisas das ruas
Onde amanhecia em bêbedo pelas escadas nuas
A beleza de tal tempo, tanto a percebo

Gostava de a Portugal voltar, quando eu morrer
De lá ter minha gente ao pé de mim
Correr fagueiro com o meu rafeiro pelo jardim
Gostava de a Portugal voltar, quando acordar

H. L. C.

Da série "meus poemas quase póstumos"

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