segunda-feira, 18 de maio de 2015

O poeta par lui meme

Vou escrever uma canção
Sobre um amor de perdição.
Da tristeza de um Camilo.
E de uma Ana Plácido, a paixão,
Cujas beleza e coragem vigorosas,
Fizeram jorrar tintas eternas
Das veias do poeta pobretão.
Eis que de tão plácida a Ana
Dobrou o Camilo em amores,
Que já não mais ia de galho-a-galho.
Mas os dois já tem um preço a pagar:
Amores rimam com dores.
E o poeta que das alcovas
Rouba as senhoras dos senhores
Escandaliza o pequeno país,
Passando ao ostracismo,
A pior das masmorras.
Mas afinal, quem cegou o poeta?
O amor?
A literatura?
Cego, não bastou a amada Ana Plácido.
Cego, nem mesmo a literatura. Não havia mais literatura.
O poeta matou-se, par lui meme.

H. L. C

da série 'meus poemas quase-póstumos'

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